O que significa Zero Trust e como essa estratégia está se tornando padrão
Zero Trust é uma estratégia de segurança digital baseada no princípio de “nunca confie, sempre verifique”, que exige autenticação rigorosa e validação de todos os acessos, internos ou externos à rede, antes de liberar qualquer permissão. Ao contrário dos antigos modelos que presumem que tudo dentro do perímetro corporativo é seguro, o Zero Trust questiona cada solicitação de conexão – seja de um colaborador remoto, smartphone, PC na rede local ou até mesmo um smartwatch.
A transição para o Zero Trust ganhou força com a popularização do trabalho remoto, a explosão do uso de dispositivos móveis e o aumento das ameaças digitais. Empresas que buscam proteger dados, aplicações e sistemas sensíveis adotaram essa abordagem para se antecipar a ataques e fraudes cada vez mais sofisticadas. Não se trata só de uma tendência corporativa: Zero Trust está gradualmente se estabelecendo como novo padrão em cibersegurança, impactando desde servidores gigantes até o momento em que você desbloqueia seu celular.
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Por que Zero Trust está no centro da conversa sobre segurança?
A lógica clássica da segurança digital – aquela que cria um muro em volta do “castelo” corporativo e pressupõe que só entra quem já está dentro – ficou antiquada. O Zero Trust nasceu de um novo cenário: colaboradores trabalhando de qualquer lugar, acessando sistemas pelo smartphone no metrô, por notebooks em cafeterias, conectados via VPN ou aplicativos na nuvem. Os hackers agradecem a variedade de portas abertas.
O Zero Trust parte do princípio de que alguma ameaça já escapou pela portinha dos fundos – é a paranoia saudável que todo gestor de TI deveria cultivar. Cada usuário, dispositivo ou app pode ser traiçoeiro, mesmo que você ache que não. Assim, o acesso à informação depende de autenticação contínua, monitoramento de comportamento e checagem contextual inteligente.
Entre os principais diferenciais do Zero Trust estão:
- Verificação constante: Ninguém ganha passe livre. Usuários e dispositivos passam por autenticação sempre que tentam acessar qualquer recurso.
- Acesso mínimo necessário: Cada pessoa só vê e faz o que precisa, nada além. Reduz drasticamente os estragos em caso de invasão.
- Avaliação do contexto: Não basta só nome e senha: localização, dispositivo utilizado e comportamento atípico entram na avaliação de risco.
Histórico e evolução do conceito Zero Trust
John Kindervag, ex-analista da Forrester, cunhou o conceito Zero Trust em 2010. A ideia surgiu da percepção de que muitos ataques exploram justamente a confiança excessiva nas barreiras internas da rede. Com as fronteiras corporativas se tornando cada vez mais pixeladas (graças à nuvem, BYOD e apps móveis), o modelo ganhou adeptos rápidos nos EUA e Europa antes de virar mainstream em empresas de todos os tamanhos.
O salto definitivo ocorreu durante a pandemia: colaboradores de várias áreas migraram para home office, a quantidade de endpoints explodiu e as brechas ficaram ainda mais tentadoras aos olhos dos cibercriminosos. As principais big techs, governos e até bancos passaram a exigir controles de Zero Trust por padrão – tanto para funcionários quanto para provedores parceiros.
Hoje, empresas pequenas, ferrenhas startups e até mesmo escolas aderem ao modelo, já que ferramentas de Zero Trust estão cada vez mais acessíveis e integradas às soluções populares do mercado.
Zero Trust na prática: smartphones, apps e gadgets
Se você usa autenticação via biometria, dois fatores ou QR code para entrar em aplicativos bancários e redes sociais pelo smartphone, já foi “vítima” do Zero Trust – e sua conta agradece! O modelo não está limitado a grandes sistemas corporativos; ele desembarca direto nos nossos bolsos.
Situações típicas onde o Zero Trust se manifesta:
- Solicitação de autenticação em dois fatores (SMS, app autenticador ou biometria) mesmo em conexões rotineiras;
- Bloqueio automático de dispositivos desconhecidos ao acessar sua conta Google ou Facebook;
- Verificação reforçada quando você tenta logar em apps do trabalho fora do expediente, em horário ou local atípicos;
- Controle minucioso sobre quais arquivos ou aplicativos cada usuário pode acessar no smartphone da empresa;
- Permissões temporárias e acesso just-in-time para apps e recursos sensíveis.
Um smartphone controlado por uma política de Zero Trust pode, por exemplo:
- Revogar acesso a dados antes mesmo de o aparelho ser reportado como perdido ou roubado;
- Impedir downloads não autorizados em apps de mensagens ou e-mail, protegendo segredos de negócios;
- Utilizar VPNs que avaliam risco em tempo real antes de liberar conexão com ambientes internos.
Como funciona o Zero Trust: principais pilares e ferramentas
Para pegar no flagra aquele colaborador curioso (ou o invasor mais astuto), o Zero Trust se apoia em três grandes pilares:
- Identidade: Só entra quem realmente é quem diz ser. O foco está em autenticação multilayer, login adaptável ao risco e monitoramento contínuo.
- Dispositivo: Smartphones, notebooks, tablets… Cada um deve estar limpo, atualizado e identificado, sob risco de bloqueio imediato.
- Acesso mínimo e segmentação: O acesso é granulado, específico – nada de “admin” com liberdade total. O caminho entre recursos críticos é cercado por múltiplos checkpoints.
Principais ferramentas do Zero Trust no mundo tech:
- Soluções de MFA (autenticação multifator) como Google Authenticator, Microsoft Authenticator, SMS e biometria;
- Gestores de identidade (IAM) que analisam quem pede acesso, de onde e como;
- Verificação de endpoint (EDR), que monitora se o dispositivo está seguro e atualizado antes de liberar o acesso;
- Segurança baseada em nuvem, com políticas dinâmicas que identificam tentativas de invasão mesmo sem firewall físico;
- Inteligência artificial aplicada à detecção de comportamentos anômalos, que flagra tentativas de ataque que passariam despercebidas por métodos antigos.
Zero Trust: não é moda, é sobrevivência digital
O conceito de Zero Trust vai muito além de senha forte. No universo hiperconectado, ele evolui com novas tendências e cenários: da futura explosão dos wearables à integração das casas inteligentes, passando pelo setor financeiro, saúde e educação digital.
- Trabalho remoto já é realidade e o Zero Trust virou “porta de entrada” mandatória para colaboradores globais;
- Com a intensificação dos ataques ransomware, Zero Trust está entre as exigências das seguradoras cibernéticas para concessão de apólices;
- Empresas que cumprem normas como LGPD, GDPR e HIPAA aceleram a adoção de Zero Trust como framework de compliance;
- Fabricantes de smartphones e sistemas operacionais (Android, iOS) já embarcam políticas e APIs Zero Trust de fábrica, pensando na segurança do usuário final.
Curiosidade tech: até mesmo aplicativos de jogos mobile já usam elementos de Zero Trust para proteger inventários virtuais e evitar hacks que baixam trapaças nos aparelhos dos jogadores.
Ficou curioso? Comece analisando as configurações de autenticação e segurança dos seus dispositivos e perceba como o Zero Trust pode estar mais presente (e necessário) na sua rotina do que parece. Explore os outros conteúdos e fortaleça sua blindagem digital!